sábado, 7 de abril de 2012

O Facebook desmistificado




Insuportável o tipo de uso que se faz de uma rede social com tantas potencialidades como Facebook. Diante de tantos recursos tecnológicos e esperanças esmagadas, prevalesce a mediocridade e o casuísmo, dignos da geração que procura, desesperadamente, fugas humorísticas para se amputar de seus compromissos e deveres sociais. Buscam o humor e a imoralidade, talvez como forma de autodestruição ou de autoalienação, uma tentativa distorcida de buscar a felicidade não mais propiciada pelas intituições sociais anteriormente tão firmes. 

"Tudo o que é sólido desmancha-se no ar'', de fato, e todos os valores e os conceitos mínimos de "certo e errado'' viram fumaça; e a ferramenta que propiciaria uma crítica radical da sociedade pela efetivação da mais pura liberdade de expressão, a semente da tão sonhada democracia direta, se torna o meio mais acabado do projeto de alienação social e cultural engendrado pelo grande capital. Diante de um mundo que parece um inferno, nada mais conveniente aos causadores desta calamidade perpétua que criar uma ilusão de mundo, formado pelas delícias do consumo, dos prazeres e humores sem fim, onde não se pagam táxis ou contas, um lugar mágico onde se projetam os perfis dos usuários como símbolos de status, num lodaçal moral sem precedentes na história humana. 

Nunca fomos menos inteligentes, nunca fomos tão pobres e vis, ao passo que a aurora cognitiva da humanidade se faz presente, resultando numa riqueza jamais vista... se tantas asneiras digitais acabam por jogar o uso da internet na lama, melhor liquida-la, destruir a sociedade que ela busca preservar e voltar ao velho Neolítico, onde o bem comum era o quinhão de todos. Talvez a única forma de restaurar os velhos valores da família, da justiça e do amor, o verdadeiro e único antídoto contra a misantropia pós-moderna técnico científica (no fim, Rosseau acertou). A chance de restaurar o paríso terrestre, numa democracia direta, fundada na liberdade de expressão digital, e mais todos os pregressos do modo de produção conseguidos pela tecnologia, o tripé de uma nova sociedade, foi renegada... alguns indignados ainda resistem contra as franjas do "pensamento único'', sem bandeira ou lideranças, sem projeto ou ideias além da revolta contra uma situação específica, mas o que podem contra a "vontade geral''? Chegamos a um nível tão extremo que, agora, o dominado é cúmplice do dominador quando se trata de dominar outros; há consentimento em emburrecer o mundo inteiro, enquanto os dinossauros do Goldman Sachs dão as cartas. 

Não obstante algumas reações contrárias, "eles'', os dominadores, venceram o jogo; o xeque e mate já está em curso, com a preparação para novos conflitos mundiais na corrida pelas matérias-primas e com a derubada dos governos nacionais, substituídos por tecnocratas do mercado. Me pergunto como uma geração inteira pode parecer não perceber isso, ocupando seu tempo com idiotices como "Luísas'', "estupros'', "mulheres-frutas'', "Teló'' e outras barbaridades, enquanto metade do planeta passa fome e o próprio Brasil vive uma guerra civil contra o crime organizado, público e privado. Tudo parte de uma guerra maior, filosófica, onde os arautos da liberdade e justiça são escorraçados e ídolos ocos passam a inspirar nossas crianças e jovens. De tudo isso, o emburrecimento generalizado é uma evidente consequência, chaga profunda que ameaça precipitar o país e o mundo numa lama sem precedentes; trocamos o paraíso pelo inferno, e Jesus pelo Príncipe das Trevas. Este é o fim, as bandeiras estão caídas, enrroladas no pó; no alto do castelo, pendem as cabeças dos "menos aptos'', e, logo abaixo, um bando de bêbados, numa dança infernal e orgíatica, se banham com seu sangue... esses somos nós, que nem percebemos os chicotes dos senhorios em nossas costas, muito menos as carroças que puxamos nesta dança irracional chamada pós-modernidade. E qual o melhor símbolo dessa decadência indenominável? O Facebook... pode-se "curtir'' algo assim?

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