As grandes obras literárias são, por vezes, adaptadas para o cinema, com resultados, eventualmente, decepcionantes. Mas algumas dessas películas chegam a superar a obra literária, ou dão-lhe um sentido completamente oposto ao original, mas que não deixa de ser belíssimo. É o caso de um filme relativamente antigo, Drácula de Bram Stoker.
Sob a sempre genial direção de Francis Ford Coppola (o homem que encantou o mundo com a série O Poderoso Chefão), o clássico da literatura de terror, marcado pelo estilo gótico e por uma forma de narração peculiar (a partir de cartas dos personagens, ou narração sob o ponto de vista das personas), conta, da mesma forma e sob o mesmo marco cronológico que o livro, o confronto de um grupo de homens do final do século XIX - o século da ciência, da concretização dos ideais iluministas e da hegemonia da Inglaterra vitoriana no mundo- com um antigo mal medieval, que se supunha ser somente uma crendice popular, característica de uma região da Europa ainda sob a regência das trevas da superstição. Trata-se, antes de tudo, de um conflito patente entre fé e razão, modernidade e medievo, Europa Ocidental e Europa Oriental. Contudo, as semelhanças entre o livro de Stoker e a película de Coppola ceifam aí.
A grande diferença Livro/filme se dá pela relação excepcionalmente interessante entre o príncipe Vlad, o Drácula, e Mina, a reencarnação da princesa Elisabeth, a amada do corajoso monarca, eixo em torno do qual gira o filme. Trata-se de uma ligação totalmente oposta a que se verifica no livro: nas páginas tecidas por Bram, Drácula é um monstro, que apenas disfarça-se de humano, e, incapaz de ter sentimentos pelas pessoas, as reduz a seu domínio pela força ou pela magia; encanta, de forma sobrenatural, Mina e, em momento algum, desenvolve uma relação romântica com ela, que somente é sua presa.
A remontagem do clássico pelas mãos de Francis Coppola parte de outra ideia. Drácula não é um monstro; esta forma bestial e sua crueldade é, na verdade, apenas um meio para que o homem que vive por trás do demônio vampiro possa amar, ou seja, buscar características humanas. Todas suas ações, por mais sádicas que sejam, visam apenas conquistar seu velho amor, arrancado-lhe de forma injusta: Vlad fora um bravo guerreiro que lutou para preservar seu povo e sua cultura da dominação dos crueis otomanos. Vitorioso, contudo, perdeu seu maior bem. A princesa Elisabeth, sua amada, vítima de uma perfídia - pensando ter seu amado morrido-, comete suicídio, e o príncipe, louco de dor e revolta ao perceber que sua mulher jamais entraria no reino divino, renega a Deus e vende sua alma ao Diabo, jurando nunca morrer, ao beber o sangue dos vivos para toda a eternidade e renegando a sagrada ordem católica dos draculis.
A remontagem do clássico pelas mãos de Francis Coppola parte de outra ideia. Drácula não é um monstro; esta forma bestial e sua crueldade é, na verdade, apenas um meio para que o homem que vive por trás do demônio vampiro possa amar, ou seja, buscar características humanas. Todas suas ações, por mais sádicas que sejam, visam apenas conquistar seu velho amor, arrancado-lhe de forma injusta: Vlad fora um bravo guerreiro que lutou para preservar seu povo e sua cultura da dominação dos crueis otomanos. Vitorioso, contudo, perdeu seu maior bem. A princesa Elisabeth, sua amada, vítima de uma perfídia - pensando ter seu amado morrido-, comete suicídio, e o príncipe, louco de dor e revolta ao perceber que sua mulher jamais entraria no reino divino, renega a Deus e vende sua alma ao Diabo, jurando nunca morrer, ao beber o sangue dos vivos para toda a eternidade e renegando a sagrada ordem católica dos draculis.
Arrastando-se pelos séculos, Vlad envelhece, junto com seu anteriormente magnífico castelo - onde vivera sua história de amor -, que, ao fim de cinco séculos, nada mais era que ruínas. Mesmo imortal, sua aparência e seus modos são decrépitos; mas, em meio a sua solidão, e sendo cada vez mais consumido pelo monstro que se tornou, um golpe do destino muda-lhe a sorte: um jovem advogado, a quem contratara para organizar a compra de alguns imóveis na Londres imperial do fim do século, traz uma fotografia que despertou em Drácula a chama da vida novamente. Lá estava Elisabeth, que agora, reencarnada, chamava-se Mina, a jovem noiva do advogado John Harker. A ligação amorosa, a quem a morte não pode soterrar, reativa-se, e a confusa Mina, que apesar de aparentar ser apenas uma jovem burguesa sem maiores pretensões vive cheia de incertezas e dúvidas, passa a ser o objetivo central da existência de um ser decadente que, mesmo não estando nem vivo e nem morto, ainda a ama. É no "monstro'' que a jovem encontra seu verdadeiro amor.
Drácula inicia então uma jornada implacável para ter o amor de Mina. Aprisionando Harker em seu castelo na Romênia - sendo este guardado por um trio de beldades vampíricas, dentre elas a estonteante Monica Belucci (foto abaixo!)-, veleja à Inglaterra e lá, em meio a Londres superpovoada e aburguesada pelas maravilhas da ciência, encontra sua amada pelas ruas. Apesar da moça inicialmente assustar-se com o - já rejuvenescido- estranho, sente-se mortalmente atraída por ele.
Percebe-se que não é o sangue consumido das vítimas quem opera a transformação e rejuvenescimento de Drácula, mas o próprio amor. Juntos, começam a frequentar restaurantes, cinemas, cafés; dançam valsas, passeiam de coche à luz das estrelas; Mina, de livre e espontânea vontade, pensa reiteradamente em largar seu noivo para viver essa paixão irresistível com o homem que se apresenta como "príncipe Vlad''.
O bonito homem de meia-idade (um dos melhores papeis de Gary Oldman), contudo, ataca, nas sombras da noite, a amiga de Mina, Lucy, já que só o sangue da moça lhe permite continuar vivo para saborear o renascimento de sua paixão. Entre Lucy e Mina existe uma comparação análoga à visão realista e à visão romântica que se tem da mulher: a primeira é a moça frívola da aristocracia, depravada e ousada, enquanto a segunda encarna o idealismo feminino típico da classe média, a jovem frágil e indefesa que se encanta por um herói - sim, o Drácula de Coppola não é outra coisa, que não um herói, muito ao gosto dos byronianos ou, para nós brasileiros, Alvarés de Azevedo.
Percebe-se que não é o sangue consumido das vítimas quem opera a transformação e rejuvenescimento de Drácula, mas o próprio amor. Juntos, começam a frequentar restaurantes, cinemas, cafés; dançam valsas, passeiam de coche à luz das estrelas; Mina, de livre e espontânea vontade, pensa reiteradamente em largar seu noivo para viver essa paixão irresistível com o homem que se apresenta como "príncipe Vlad''.
O bonito homem de meia-idade (um dos melhores papeis de Gary Oldman), contudo, ataca, nas sombras da noite, a amiga de Mina, Lucy, já que só o sangue da moça lhe permite continuar vivo para saborear o renascimento de sua paixão. Entre Lucy e Mina existe uma comparação análoga à visão realista e à visão romântica que se tem da mulher: a primeira é a moça frívola da aristocracia, depravada e ousada, enquanto a segunda encarna o idealismo feminino típico da classe média, a jovem frágil e indefesa que se encanta por um herói - sim, o Drácula de Coppola não é outra coisa, que não um herói, muito ao gosto dos byronianos ou, para nós brasileiros, Alvarés de Azevedo.
A paixão de Drácula lhe rende inimigos. O noivo de Lucy, Lorde Arthur Holmwood, seus amigos - dentre eles, um médico psiquiatra, Dr. Jack Seward, e um norte-americano, Morris- e um ocultista, Van Helsing, tentam de todas as formas combater o "ser das trevas''. Aqui, o brilhante Anthony Hopkins dá um novo colorido ao estóico professor descrito por Stoker: vivo, alegre, irônico, provocador e, acima de tudo, uma espécie de síntese entre "homem da ciência'' e "homem do oculto'', com um toque de acidez que o faz oscilar entre a genialidade e a excentricidade.
Van Helsing identifica o mal de Drácula como uma doença e, ao mesmo tempo, como uma maldição sobrenatural, para estupefação de seus descrentes companheiros, formados sob a visão tradicional do empirismo cientificista inglês. Mas as primeiras derrotas diante do poderoso vampiro lhes fazem crer que a lenda oculta da idade média realmente existe e, pior, lhes roubou a vida de Lucy, que, transformada em vampira, tem de ser destruída pelo bravo professor. Como herdeiros do iluminismo, os representantes da sociedade anglo-ocidental (um aristocrata, um profissional liberal, um professor universitário, um advogado e um empresário americano) tentarão derrotar o último bastião do misticismo romeno, e fazer avançar as luzes iluministas sobre as trevas do último homem (?) vivo que nasceu e viveu durante a idade média.
Van Helsing identifica o mal de Drácula como uma doença e, ao mesmo tempo, como uma maldição sobrenatural, para estupefação de seus descrentes companheiros, formados sob a visão tradicional do empirismo cientificista inglês. Mas as primeiras derrotas diante do poderoso vampiro lhes fazem crer que a lenda oculta da idade média realmente existe e, pior, lhes roubou a vida de Lucy, que, transformada em vampira, tem de ser destruída pelo bravo professor. Como herdeiros do iluminismo, os representantes da sociedade anglo-ocidental (um aristocrata, um profissional liberal, um professor universitário, um advogado e um empresário americano) tentarão derrotar o último bastião do misticismo romeno, e fazer avançar as luzes iluministas sobre as trevas do último homem (?) vivo que nasceu e viveu durante a idade média.
O "vampiro'', contudo, mostra que pouco se importa com acruzada de seus inimigos - que não é nem de longe o principal tema do filme-, que destroem sua morada em Londres: Harker conseguira fugir do castelo e se casara com Mina, e retorna à Inglaterra para liderar a luta contra o Conde. Para Drácula, agora se torna imperioso conquistar sua amada. Enquanto seus inimigos destroem seus planos de "fixar residência'' na Inglaterra, Vlad se encontra com Mina e esta, explodindo de paixão, lhe confessa todo o seu amor; implora para ficarem juntos, para toda a eternidade, sob a relutância de Vlad, que diz não ter coragem de infligir à sua amada tão terrível maldição. Mas, sob pressão dela, acaba mordendo-a. É durante esse clímax que Mina lembra de fatos de sua outra vida e leva o "monstro'' às lágrimas, que lhe revela ser um miserável perseguido pelos homens; o poderoso vampiro se sentia "um nada, um vazio'', um ser angustiado. Obrigado a fugir diante do repentino ataque furioso de Harker e seus amigos, Drácula promete a Mina que ficarão juntos.
E é usando e abusando de toda a tecnologia ocidental, como trens, telégrafos e armas modernas, - sem deixar de lado feitiços, exorcismos e amuletos- que Van Helsing e os seus perseguem o Conde Drácula até a Romênia, onde travam a luta final contra o vampiro. Mina, nesse período, oscila e sofre entre o dever de esposa e o desejo de seu coração. E é assim que, mortalmente golpeado numa luta contra Harker, Drácula é defendido justamente por Mina - que adentra ao castelo com o vampiro agonizante. Esta, livre do parco domínio mental que Vlad exercia-lhe, declara seu amor para o príncipe, que deixa de uma vez por todas sua aparência velha e decrépita para assumir seu rosto jovem; triste, mas encantado por morrer nos braços de seu amor imortal, Drácula pergunta porque Deus lhe abandonou e lhe retirou de seu amor pela segunda e última vez: mas a própria Mina liberta Vlad da sub-vida em que se achava, matando-o, na maior prova de amor que poderia dar ao príncipe, e lhe garantindo o perdão divino. E é com Mina chorando ao lado do cadáver de seu amor, com o foco da lente se desviando para o teto da Igreja onde Vlad amaldiçoou Deus e iniciou sua caminhada de horror, que se vê a pintura dos dois amantes juntos, prometendo-se assim que, já que tal amor resistiu mesmo à corrupção de Vlad e à morte de Elisabeth, ele voltará a superar as limitações de então e reunir os amantes em algum futuro.
Trata-se de um filme excepcionalmente romântico, no termo cultural da palavra: é o romantismo idealista, onde o amor é mais importante que a vida (Drácula abandona sua humanidade por causa da perda do amor; Elisabeth mata-se ao pensar que perde Drácula; e, enfim, é só pelas mãos de Mina de Drácula pode morrer, recebendo, como fica patente no filme, o perdão pelos seus pecados). Os cenários, sempre sombrios e enevoados, evocam a velha característica do romantismo de ver a realidade como algo não plenamente cognoscível, sempre envolta em brumas, e relativamente desprezível; o que realmente importa são os sentimentos e ideais do ser humano. Por eles, alguém pode vencer a morte, ou, no mínimo, voltar a vida: tanto Mina, que reencarna, tanto Vlad que, somente quando reencontra seu antigo amor, volta à sua juventude e finalmente encontra seu fim. Drácula, por sua vez, amaldiçoa-se por considerar-se injustiçado por Deus, contra quem se rebela, preferindo o apoio das forças do mal para existir, sem estar vivo ou morto, num verdadeiro limbo.
Sem o amor, a fera (o vampiro) vive, destruindo tudo a seu redor, conduzindo o homem para a decadência, como se vê pela própria aparência de Vlad no início do filme; é somente dedicando-se a outra pessoa, numa relação de completa incondicionalidade, que a fera interior é subjugada pelo homem. O que Drácula de Bram Stoker ensina, acima de tudo, é essa capacidade do amor de ressuscitar o que estava morto, em todos os sentidos, e sua potencialidade enorme em humanizar o que parece selvagem e bestial: a verdadeira luz que sepulta as trevas não é a da ciência iluminista, mas a do amor, que prevalesce sobre o pacto maligno feito por Drácula para enganar a morte. Van Helsing e os outros personagens que representam a cultura ocidental apenas são obstáculos na concretização do amor imortal entre Vlad e Mina, e é essa mesma cultura que prende a moça ao casamento artificial com Harker e, numa bela metáfora, termina por separar os amantes. O próprio Van Helsing confessa sua admiração por Drácula. E, claro, diferentemente das demais relações, o amor entre Mina e Vlad não se reduz à sexualidade, mas transcende esta.
Trata-se de uma das mais belas películas já feitas pelo cinema. Não supera a obra que lhe emprestou a história, mas, ao lhe dar sentido totalmente diverso, se torna, de certa forma, muito mais bela. O que mais me chamou a atenção, sobretudo, foi a ausência de limites para Drácula obter o amor de sua amada: um sentimento de tão alta nobreza foi a finalidade de tantas mortes nas presas do vampiro. Essa ausência de limites quanto aos sentimentos, porém, degenerou Vlad, o príncipe, e o tornou Drácula, o monstro; o amor sem limites e sem valores acaba por resultar em corrupção, decadência e perda da finalidade existencial já que, ao depender totalmente de outra pessoa, sente-se o indíviduo perdido diante da impossibilidade de ter o objeto amado.
Essa incapacidade de aceitação do que o destino nos prega - e a morte é a pior das sentenças desse deus caprichoso- resulta numa frustração sentimental que pode ser o combustível de nossa própria destruição espiritual: Drácula mata sua própria alma, já que, não podendo reunir-se com Elisabeth na terra ou no céu, já que ela se matara, decide destruir-se. Drácula foi o cavaleiro da frustração, e o motivo pelo qual fez tudo o que fez foi não aceitar seu destino. Quem sabe se, resignado diante da morte de Elisabeth, Vlad reencarnaria e reencontraria sua amada na Inglaterra vitoriana, onde viveriam finalmente felizes?
Mas mesmo assim, uma criatura das trevas, aparentemente sem alma, termina por amar, e ama porque finalmente aceita seus erros e o que o destino lhe reservou; mas nunca percebeu que, mesmo antes de se tornar um vampiro, a verdadeira e única imortalidade possível para a humanidade já havia sido alcançada por ele: a imortalidade daqueles que amam, no melhor sentido idealista. É amando que nos tornamos parte desse sentimento eterno que é o amor e, comungando da perenidade das ideias, nos tornamos eternos. Porque o verdadeiro amor supera mesmo a morte e a corrupção da alma, transcendendo espaço e tempo, unindo duas almas num enlace simbiótico, onde uma não encontra sua vida até encontrar a outra; monstros se tornam homens, cascas vazias ganham vida e a largata se torna borboleta. Drácula de Bram Stoker é o maior ode ao romantismo literário e, assim, à esperança que todos os amantes sentem, sentiram e sentirão de permanecer juntos para sempre.
Trata-se de um filme excepcionalmente romântico, no termo cultural da palavra: é o romantismo idealista, onde o amor é mais importante que a vida (Drácula abandona sua humanidade por causa da perda do amor; Elisabeth mata-se ao pensar que perde Drácula; e, enfim, é só pelas mãos de Mina de Drácula pode morrer, recebendo, como fica patente no filme, o perdão pelos seus pecados). Os cenários, sempre sombrios e enevoados, evocam a velha característica do romantismo de ver a realidade como algo não plenamente cognoscível, sempre envolta em brumas, e relativamente desprezível; o que realmente importa são os sentimentos e ideais do ser humano. Por eles, alguém pode vencer a morte, ou, no mínimo, voltar a vida: tanto Mina, que reencarna, tanto Vlad que, somente quando reencontra seu antigo amor, volta à sua juventude e finalmente encontra seu fim. Drácula, por sua vez, amaldiçoa-se por considerar-se injustiçado por Deus, contra quem se rebela, preferindo o apoio das forças do mal para existir, sem estar vivo ou morto, num verdadeiro limbo.
Sem o amor, a fera (o vampiro) vive, destruindo tudo a seu redor, conduzindo o homem para a decadência, como se vê pela própria aparência de Vlad no início do filme; é somente dedicando-se a outra pessoa, numa relação de completa incondicionalidade, que a fera interior é subjugada pelo homem. O que Drácula de Bram Stoker ensina, acima de tudo, é essa capacidade do amor de ressuscitar o que estava morto, em todos os sentidos, e sua potencialidade enorme em humanizar o que parece selvagem e bestial: a verdadeira luz que sepulta as trevas não é a da ciência iluminista, mas a do amor, que prevalesce sobre o pacto maligno feito por Drácula para enganar a morte. Van Helsing e os outros personagens que representam a cultura ocidental apenas são obstáculos na concretização do amor imortal entre Vlad e Mina, e é essa mesma cultura que prende a moça ao casamento artificial com Harker e, numa bela metáfora, termina por separar os amantes. O próprio Van Helsing confessa sua admiração por Drácula. E, claro, diferentemente das demais relações, o amor entre Mina e Vlad não se reduz à sexualidade, mas transcende esta.
Trata-se de uma das mais belas películas já feitas pelo cinema. Não supera a obra que lhe emprestou a história, mas, ao lhe dar sentido totalmente diverso, se torna, de certa forma, muito mais bela. O que mais me chamou a atenção, sobretudo, foi a ausência de limites para Drácula obter o amor de sua amada: um sentimento de tão alta nobreza foi a finalidade de tantas mortes nas presas do vampiro. Essa ausência de limites quanto aos sentimentos, porém, degenerou Vlad, o príncipe, e o tornou Drácula, o monstro; o amor sem limites e sem valores acaba por resultar em corrupção, decadência e perda da finalidade existencial já que, ao depender totalmente de outra pessoa, sente-se o indíviduo perdido diante da impossibilidade de ter o objeto amado.
Essa incapacidade de aceitação do que o destino nos prega - e a morte é a pior das sentenças desse deus caprichoso- resulta numa frustração sentimental que pode ser o combustível de nossa própria destruição espiritual: Drácula mata sua própria alma, já que, não podendo reunir-se com Elisabeth na terra ou no céu, já que ela se matara, decide destruir-se. Drácula foi o cavaleiro da frustração, e o motivo pelo qual fez tudo o que fez foi não aceitar seu destino. Quem sabe se, resignado diante da morte de Elisabeth, Vlad reencarnaria e reencontraria sua amada na Inglaterra vitoriana, onde viveriam finalmente felizes?
Mas mesmo assim, uma criatura das trevas, aparentemente sem alma, termina por amar, e ama porque finalmente aceita seus erros e o que o destino lhe reservou; mas nunca percebeu que, mesmo antes de se tornar um vampiro, a verdadeira e única imortalidade possível para a humanidade já havia sido alcançada por ele: a imortalidade daqueles que amam, no melhor sentido idealista. É amando que nos tornamos parte desse sentimento eterno que é o amor e, comungando da perenidade das ideias, nos tornamos eternos. Porque o verdadeiro amor supera mesmo a morte e a corrupção da alma, transcendendo espaço e tempo, unindo duas almas num enlace simbiótico, onde uma não encontra sua vida até encontrar a outra; monstros se tornam homens, cascas vazias ganham vida e a largata se torna borboleta. Drácula de Bram Stoker é o maior ode ao romantismo literário e, assim, à esperança que todos os amantes sentem, sentiram e sentirão de permanecer juntos para sempre.
Não se fazem mais filmes como esse, a busca do amor, não importando o percurso ou o que se faz para conquista-lo. Vlad perde o grande amor, se condena a viver numa solidão dolorosa sem amor. Mas por obra do destino consegue saber da reencarnação do seu eterno amor e luta por isso chegando a perder a vida por amor!
ResponderExcluirdemorei para consegui o filme, mas agora não perderei ele, busco também um amor que perdi há pelo menos 14 anos atrás, sonho em encontrar para viver feliz novamente. por que o que importa nessa vida é a união de dois corpo num só amor! Afinal " O amor nunca morre!"
Quem se esqueça de Drácula? Um personagem clássico nos filmes do gênero horror, pessoalmente eu amo e tudo relacionado a ele eu ainda gosto de assistir. Agora esse personagem podemos encoentrar em Penny Dreadfull Temporada 2 , uma série que usado com muito sucesso no desenvolvimento de sua história esse personagem e outros cñasicos como Frankenstein.
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