Desabafo I: o dragão por trás das mulheres pós-modernas
Tantas carinhas bonitas aqui, peles de veludo,
lábios carnudos e provocantes, cabelos longos e brilhantes como raios
do sol ou a face da noite. Rostinhos bonitos que escondem verdadeiras
bestas de miolos atrofiados, um debiloidismo crônico,a indiferença irritante
e, como se não bastasse, uma crueldade que não parece ter limites com
todos os que tem alguma moral ou princípio político a defender. Tudo isso
se junto à extrema vulgaridade e o vago estilo estereotipado de
"patricinhas alienadas'' que as usuárias do facebook fazem questão de
expressar, como se fossem princesas em mantos de arminho e coroas de
ouro.
Contudo, sua posição nobiliárquica é ainda "maior'', na verdade: são as rainhas do lixo moral produzido em escala industrial pela internet, sentadas no trono das iniquidades e do consumismo, bem como as arautas da adoração por cantores de baixo calão, atletas de quinta categoria, personagens metafísicos de filmes e séries de gosto duvidoso. Não basta pensarem, em suas mentes doentias, que são rainhas-sol a serem adoradas pelos seus admiradores com curtidas e comentários bajulatórios em suas frequentes fotos postadas, ostentam a perversão (patológica) do sadomosiquismo, declinando dos afagos sinceros dos últimos bons cavalheiros para mergulhar de cabeça nos braços de bárbaros ainda mais crueis que elas.
Insistem elas em manter uma capa artificil, uma "coisa'' maquiada e bem-vestida, decorada aqui e ali com frases de Caio Fernando Abreu ou Lispector (quando não apenas usam o nome dos pobres autores em plágios...; talvez para disfarçar sua debilidade intelectual?), que apresentam como sendo elas mesmas, talvez visando esconder o quanto na verdade são vazias, tristes, toscas e, as vezes, monstruosas, quando deixam seus instintos mais animais à solta. As mulheres do facebook estão doentes. Cuidado às que ainda são sãs: é contagioso.
Desabafo II: o paradoxo das privatizações petistas
O Brasil é o único país que realiza
privatizações estatizantes e, ao mesmo tempo, estatizações
privatizantes. Na primeira, o Estado livra-se de seus bens e entrega-os
de bandeja ao setor privado, mas injetando recursos públicos neles e interferindo
(ou regulando, ao máximo) em sua gestão pelos novos donos, como na Vale
e no recente pacote de privatizações lançado por Dilma. O governo garante tudo e maximiza o lucro do agente privado; a privatização
serve ao Mercado, o verdadeiro Soberano, que acorrenta o Leviatã e o reduz a mero serviçal. Na segunda, o Estado aumenta sua atuação em outras áreas da
economia e serviços públicos (leia-se, aumenta seus gastos...), mas governa segundo
os interesses privados ou de partidos, ou dos seus financiadores,
grandes empresas e bancos (promovendo obras públicas inúteis, que apenas justificam
os elevados gastos, que acabam nas contas das Cayman, por exemplo).
Aqui, o Leviatã se torna mais uma vez um gatinho manhoso e se subordina a seus
donos, os donos do poder...
Desabafo III: o império da tolice no facebook
As vezes acompanho eventos interessantes por
aqui. Me parece que o nível intelectual dos posts é inversamente
proporcional ao seu número de curtidas e comentários: quanto mais desses
últimos, menos importância ou relevância social possui o conteúdo. O
número de tolices, loucuras, idiotices e afins, bem como correntes de
compartilhamento, levadas a cabo por pessoas com uma tendência inegável
ao debiloidismo, faz um inegável e
espantoso sucesso. Duas conclusões pode-se aferir desse processo: os
usuários desta rede não possuem o que fazer em seus horários vagos (o
ócio é o canteiro do demônio?) e há uma terrível (e triste) preferência
pelo mau-gosto, ou seja, tudo o que é baixo, promíscuo, amoral e
levemente tendente ao sadismo pervertido ou ao humor de pequeno calibre.
É uma combinação explosiva, que muito explica a baixa qualidade
cultural da sociedade brasileira, seu apolitismo declarado ou
politização alienada localista (vide as últimas eleições), e o abissal
grau de decadência da atual geração.
Desabafo IV: o declínio da luta
A verdade liberta, mas também constrange muita gente, e também tem o dom de fazer inimigos para seus amantes e defensores. Particularmente, prefiro abrir mão da verdade em nome da boa convivência. Que os ricos oprimam, os pobres sejam esmagados, que Maluf mande alguns milhões para as Cayman, a Rede Globo engane/aliene/faça lavagem cerebral no populacho e o país que se dane na recessão e seja rifado pelas oligarquias. Cansei. Gritar para o mundo a verdade e receber o ensurdecedor silêncio da complascência com o status quo em resposta dobra a mais firme das vontades. Se o povão quer sexo, morte e corrupção, que tenha, e tenha em abundância. Eu declino e me eximo da minha responsabilidade; renuncio à nobre missão dos profetas que devem denunciar as contradições da sociedade e enfrentarei o julgamento Divino por engrossar as fileiras dos omissos e egocêntricos. A verdade que proclame a si mesma.
Desafabo V: o final de "Avenida Brasil''
Quando o desfecho de uma novela se torna mais
importante que a situação de 16 milhões de pessoas que passam fome ou de
33% da população que mal sabe escrever e ler como deveria, temos a
opção resoluta, determinada e inabalável de um povo inteiro pela miséria
e alienação intelectual e social. Milhões pedem justiça contra aquela
loira esquisita, da qual esqueci oportunamente o nome, que figura na novela
como vilã, mas fecham os olhos as sujeiras da prática política
brasileira; os mesmos milhões se emocionam e até mesmo choram com os
abstratos personagens de um folhetim metafísico e irrealista, enquanto
fecham seus corações, que mais parecem pedra bruta e gélida, àqueles que
passam fome e vivem sem um teto sob suas cabeças. A conclusão é de que o
povo brasileiro gasta toda sua parcela de humanidade com histórias
fantasiosas, talvez para suportar o insuportável, que é a atual
realidade social. São narcóticos as nossas novelas, o brilho difuso de um espetáculo
construído sob medida para dirigir todas as atenções intelectuais da
população para tolices irreais, tal como na época no velho panis et
circenses romano. Já é hora da nação brasileira tomar a pena que escreve
a história nas próprias mãos e acabar de uma vez por todas com essa
piada-novela que é sua própria situação, títere nas mãos de um elite
incompetente, reacionária e medrosa.
Desafabo VI: os professores carrascos
Quando o magistério é exercido por pessoas que
deveriam ser jogadas em um hospício, as coisas não podem correr bem...
salas de aula se tornam obscuros campos de concentração, onde a tirania e
arbitrariedade se dilatam ao máximo. A megalomania desses tiranetes que
se arrogam ao título de educadores constrange os alunos onde deveria
existir conforto moral, espalha o medo onde deveria existir a compreensão,
funda a bajulação no lugar da competição e do cooperacionismo saudável,
exclui e segrega no lugar (a escola, faculdade etc) que deveria
congregar e tolerar. Dizendo-se infalíveis, divinos, iluminados,
portadores de uma luz opaca (só vistas pro eles mesmos) rançosa e sem
vida, maculados pela síndrome do pequeno poder (cito um grande amigo,
que, como eu, passa pela mesma situação), tais indivíduos, miseráveis,
pequenos e medíocres por trás de sua pompa pseudo-intelectual, só
conseguem ensejar, além de ódio, um sentimento de infinita piedade
naqueles que sofrem com suas medidas autoritárias. Teremos que exercer a
máxima cristã de oferecer a outra face, mas sabendo que a vitória será
nossa, porque nossa causa é justa, e a causa justa é a do próprio Deus, o
Supremo Juiz; Ele saberá medir as culpas e, em Sua infinita
misericórdia, perdoar esses ditadores da sala de aula. Sentimo-nos
tristes, porque sabemos que venceremos esta etapa e evoluiremos como
seres humanos, rumo à comunhão total com o Pai, enquanto esses ignóbeis
ingênuos, prepotentemente auto-investidos de uma "sabedoria''
professoral só por eles entendida, chafurdarão na lama e, não
conseguindo dela sair, não poderão subir rumo ao céu estrelado.
Desabafo VII: o amor em uma frase
Amor = sexo maquiado com sentimentalismo e umas pitadas de metafísica. Eis a fórmula do amor.
Desabafo VIII: as paixões artificiais
Minhas paixões são como as flutuações da Bolsa
de Valores: ora em alta, ora em baixa, raramente em depressão e
raríssimas vezes em euforia, e eu sou como o investidor ansioso de colher doces lucros. Mas essas ações paixonísticas perdem rendimento tão rápido quanto as
empresas "X'' do Eike Batista. E, na maioria das vezes, possuem um valor
meramente especulativo, artificial, oco, vazio... como um papel da OGX,
que eu digo possuir, mas o que eu tenho de fato são especulações vazias,
abstrações, promessas, ah, meras promessas... tenho de parar de
"investir'' nas "ações'' e nas companhias erradas. Vou procurar um fundo
de renda fixa... e parar de investir em ações de alto risco. Já perdi muito das minhas riquezas assim.
Desabafo IX: as peripécias do Ministério Público Federal
Fiquei altamente impaciente com o número de
pessoas compartilhando a notícia "MPF pede que a frase 'Deus seja
louvado' seja retiradas das cédulas do Real'' como se fosse um
acontecimento vital para o país. Mais uma vez partem de um raciocínio
aberrante e tosco, no qual o Estado laico necessariamente deve
separar-se de qualquer crença em uma Entidade Transcendental chamada
"Deus'' e proclamar-se ateu!
Esquecem-se
de que a Constituição foi promulgada sobre a proteção de Deus, admitindo
Sua existência e utilizando a palavra para designar os todas as
religiões presentes no país (aliás, os crucifixos nos tribunais invocam
justamente esse "Deus'' presente no preâmbulo da Constituição, já que é
na jurisdição que a ordem constitucional se revela por excelência; ao
julgar, o juiz aplica a Constituição, cuja ordem foi fundada sobre a
proteção de Deus, refletindo as legítimas crenças plurais do brasileiro
comum no Divino); não há qualquer promoção de uma religião, tal como não
há nos nomes de cidades, Estados e feriados, que se tornaram elementos
culturais, não religiosos, para o mundo temporal. Aliás, quantas pessoas
deixarão de passar fome no país, com essa nobre ação do MPF? Que
direitos fundamentais irá realizar? E quais os direitos que estão em
risco com uma frase filosófica - e não puramente religiosa- simples nas
notas monetárias? É justamente essa posição dúbia do MPF, que se limita a
debruçar-se sobre questões irrelevantes ao extremo, que impede que
questões tremendamente mais importantes sejam postas na pauta do
Judiciário pelo legítimo advogado da sociedade, o parquet.
Essa onda
anti-religiosa, um modismo passageiro por certo, ataca frontalmente as
fundações culturais do país e, infundadamente, promove os interesses
pífios de minorias que querem tiranizar, ideologicamente, a
esmagadora maioria dos cidadãos desse país. Mesmo países não laicos,
como a Inglaterra (cuja Igreja oficial é a Anglicana), Dinamarca (Igreja
luterana dinamarquesa), Bélgica (Catolicismo) e Mônaco (catolicismo)
não tem qualquer problema em relação à presença de símbolos religiosos
nos aparatos estatais... mas no Brasil, terra de pensamento tipicamente
subdesenvolvido que absorve com avidez todas as influências externas (e o
neo-ateísmo é uma delas), coisas insignificantes como essas são
transformadas em questões de vida ou morte. Ah, tenha santa paciência!