Estou frustradíssimo com essas eleições. Mais uma vez, o que acabou contando para a definição do resultado foram conchavos políticos que visaram interesses privados (a aliança Antonio João/Izaias/Armando Monteiro), a enorme, absurda, abominável compra de votos (principalmente entre os candidatos a vereador) e a "compra e venda de apoio político'', cuja marca maior foi o declínio de Silvino e seu apoio incondicional a Izaias.

A composição da câmara de vereadores não é, agora, tão ruim. Dos quatro atuais vereadores que se reelegeram, apenas dois (Sivaldo e Gersinho), o mereceram de fato. Doeu ver que parentes de políticos impedidos de se candidatar pela ficha-limpa conseguiram uma vaga. Mas algumas lideranças populares garantiram espaço na Casa, e Izaias conseguiu eleger dez vereadores das suas coalizões apoiantes. Vai ter maioria folgada na câmara para fazer- ou não- tudo o que prometeu. A maior expectativa, porém, é se a Câmara vai retomar um papel ativo em Garanhuns, superando sua atual posição de curral do Executivo, e abandonar suas práticas assistencialistas para exercer suas reais competências- legislar, fiscalizar o executivo, "ver as dores'' do povo.
Quanto a meu candidato, Paulo Camelo, fico feliz pela sua votação histórica. Infelizmente, a população de Garanhuns não está madura o suficiente para apostar em um homem tão visionário, inteligente, capaz, corajoso, e caiu no canto da sereia do poder econômico e da propaganda maciça do candidato do PTB. Mas Paulo vai continuar atuando no cenário político e elevando a qualidade do debate sobre os interesses públicos.

Só tenho a desejar ao prefeito eleito que ele consiga superar estes desafios, unir a cidade em torno de um projeto de longo prazo e transformar Garanhuns na potência econômica que já foi no passado. Mas as expectativas são negativas. Acima, a música Como nossos pais, de Belchior, expressa, perfeitamente, o que realmente ocorreu nessas eleições... "meu bem, há perigo na esquina... eles venceram e o sinal está fechado pra nós, que somos jovens! (...) minha dor é perceber que, apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais... nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não me enganam... vocês dizem que depois deles não apareceu mais ninguém... você pode dizer que eu tô por fora ou inventando, mas é você que não vê que o novo sempre vem! Hoje eu sei que quem me deu uma nova ideia de consciência e juventude está em casa, contando o vil metal!''
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