quinta-feira, 13 de julho de 2023

A alegria do ser visto

 A trôpegos passos de insone

Me conduzo à procura do teu ícone

E espero pela tua entrada

Ante as comensais isoladas

 

Eu te verei?”, sofro

Enquanto aos céus oro

Para que te deixes contemplar

 

Dar-se a ver ou ser visto?

Que mais vale a um coração?

Pois um olhar teu, em lampejo

Incendeia o meu ensejo

 

O ser visto vai além

De toda a forma fica sem

Não mais um ser; mas "o" ser da paixão

 

Contemplar ou contemplado ser?

Não duvido, pois, sem pensar

Te digo que o êxtase de contemplar

Supera o dar-se a ver

 

E rogo todos os dias para que o meu ser visto sempre se desvele.

Cascata negra

 As rosas passam pela vista

Um pouco discretas

Belas, mas somente belas

Só que uma sempre merece uma vela

 

Que de especial tens

Para merecer um ponto luminoso?

Dentre mil, és tu que me vens

E te sentas em trono glamuroso

 

Meus pensamentos, sequestras

Minha vontade, domas

Meu querer, tomas

E de mim te fazes mestra

 

Com a coroa enfeitas

A cascata negra que te desce abaixo

Tranquila, como rio reto abaixo

Em cuja luz reluz perfeita

 

A luz que me deita um olhar

Sob um mar de cabeças preocupadas

Apagou todas as rosas ali deixadas

E só vi tua alegria a transbordar

 

Bela rosa, única felicidade

Tu transbordas em teu nome

Mil vezes bela, a de mil odes

 

Em cujas corredeiras negras se perdem aqueles que amam as rosas

Ou apenas uma.