quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A TRAGÉDIA DE UM (MUITOS) GARANHUENSE(S)

Fui fazer a feira na CEAGA - tava em obra
Passei mal e fui no Posto - não tinha médico e remédio
Voltei do Dom Moura e paguei passagem mais cara
E o ônibus - como demorou!

Ninguém quer assinar minha carteira
Faço um bico vendendo água ou salgado
Peguei uma moto pra fazer um extra
A cada metro tem um quebra mola e um cabra pra multar!

Não tem onde deixar o menino
creche aqui, só pagando
E ainda tem o remédio de mainha
não, não tem no Posto!

Oh Senhor, tropecei voltando da Farmácia
esse calçamento derreteu na trovoada
a praça é bonita, mas cadê a o sorriso do povo?

e aí encontrei o primo Zé lá do sítio
até fome passou
os bicho tudo morreu
Cadê os doutor de terno nessa hora?

Não tem dinheiro, não tem assistência
botaram na net que mandaram um trator pro Zé
Aí o Zé foi embora
porque mentira não enche barriga

Zé e eu fomos pra Caruaru
Petrolina
Recife
São Paulo
O coração dói, mas a barriga ronca

A saudade é grande, Garanhuns
mas enquanto essa gente mandar, eu e Zé vamos viver pelo mundo
junto com muitos mais que estão por vir
de quatro em quatro anos, foi-se nossa vida

Acorda, Garanhuns, porque quem tem que ir embora da cidade é esse povo que manda na Prefeitura!


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