quinta-feira, 20 de setembro de 2012

As eleições em Garanhuns: a rebelião e a reviravolta




Hoje peço, polidamente, licença aos habituais leitores do Blog para comentar alguns eventos extraordinários na campanha político-eleitoral da cidade de Garanhuns.

Os políticos de Garanhuns mostraram hoje que sua política é realmente suja, incoerente, um verdadeiro "salve-se quem puder''. Um dos candidatos renunciou à sua candidatura para apoiar outro, aquele que lidera as pesquisas. O motivo alegado: unir a cidade contra o "avanço'' de Zé da Luz. Lembra algo? Em 2008, o discurso que elegeu o atual prefeito, Luiz Carlos, foi o mesmo: "ou eu ou o caos (Zé da Luz)''. Detalhe: naquela época, Silvino Duarte (PSDB) apoiou Zé da Luz. Será que agora, tomado por uma febre altruísta, o tucano decidiu que, dessa vez, é bom para a cidade a derrota do Zé, e achou por bem imolar sua candidatura no altar do bem coletivo?

Mais uma vez, tratam-se de simples interesses pessoais transladados para a esfera pública... a cidade se uniu realmente contra Zé da Luz, como alegam os militantes da recém-formada coalizão? Ou terão se unido apenas dois grupos políticos que, no fundo, estão no poder desde 1996, repetidamente, e que agora estremecem de medo quando a chance de perder a vaquinha de leite da prefeitura se mostra real? O nível da campanha já estava baixo, e agora? Que justifica tal reviravolta?

O que está havendo, com o crescimento assustador do Zé nas pesquisas, é a simples revolta da população, marginalizada e esquecida pelos atuais governantes e suas cúpulas (isso inclui o candidato de PTB, que recebeu todo o apoio da atual administração municipal em suas campanhas pretéritas), que governaram para si mesmos, todos esses anos. As frustrações do povo explodiram e Zé da Luz, um populista demagogo, soube se aproveitar da fragilidade política da cidade e se capitalizou para tomar de assalto a prefeitura, à cabeça de uma "rebelião'' popular; o quatro últimos governos fingiram que o povão, maioria esmagadora da população, não existe, mas agora ouvem seus gritos, que dizem "faça o 31!''. Zé percorre as periferias da cidade, conversa com os populares, ouve suas queixas e, acima de tudo, promete. E a promessa maior é, de maneira simbólica, incluir as populações excluídas na política no município: Zé é o "messias'', o "libertador'', que oferece as benesses do poder, restritas a grupos fechados (a marca do silvinismo), aos populares; o homem que vai acabar com os atuais grupos políticos e, enfim, liderar os excluídos sociais, nessa verdadeira revolta, dirigida das periferias contra o centro da cidade, para o Éden das delícias do assistencialismo.

Mas o risco da política de Garanhuns ser totalmente privatizada e revertida às práticas oligárquicas (imperantes em Caetés, reza a lenda), agora é real, já que o município já governado pelo Zé foi o campeão da pobreza em Pernambuco, ostentando um IDH sub-humano, com uma dívida pública altíssima e servições públicos sucateados, embora seu grupo político domine, com mãos de ferro, a política da terra de Lula. 

Assim, Parabéns à toda a elite política atual, tudo isso é obra de vocês e de sua falta de política, gerência, visão, articulação, de simples sensibilidade social! Vocês tentaram monopolizar a politica municipal por anos, excluindo a população dela, e agora estão prestes a perdê-la! E o maior prejudicado será o próprio povo, que ingenuamente crê em Zé como seu líder. A grande obra dos quatro (des)governos silvinistas pode ser o início do "reinado'' dos Sampaio na terra da Simoa, o retrocesso da cidade ao tempos do puro populismo. Esse osso eles não vão largar até terem sugado a última gota de tutano... 

Agora, silvinistas e "régistas'' vão tentar o tudo ou nada contra o 31, e o prêmio dessa guerra privada é o multimilionário orçamento municipal, centenas de cargos públicos comissionados e o prestígio político da nona maior economia do Estado. O povo? Pouco importa, não é? 

Eu me divirto com isso tudo... "tragicomédia'', eis o termo para resumir as eleições municipais de 2012. Por isso, ainda voto em Paulo Camelo. Porque a população precisa entender que não são "messias'' iluminados ou grandes chefes políticos que vão mudar a cidade da água para o vinho e, dessa forma, fazer chover sobre as cabeças de todos benesses sem fim. Já é hora de amadurecer politicamente e, enfim, tomar o processo político nas próprias mãos. 

Enfim, são dois os cenários dominantes: ou Garanhuns opta pela mescla do silvinismo e do régismo, um ser político híbrido que aparenta não poder sobreviver muito tempo, ou cai nos braços da rebelião do Zé. Mas ainda há outra opção: o voto no diferente, na ousadia, no PSOL. Essa é minha opção, e a sua?

2 comentários:

  1. Concordo com você. Também entendo que não é Zé da Luz, nem Silvino, menos ainda Izaias, que vai fazer aquilo que Garanhuns de fato necessita. Há, sim, uma opção: Paulo Camelo. Sim, isso mesmo! Paulo Camelo, do PSOL.

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  2. a minha também, vamos dizer não a isso tudo

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