quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

“Somos uma contemporaneidade de milênios”


Por Bruno Rodrigues, acadêmico do curso de História - UPE
 
"Somos uma contemporaneidade de milênios''. Essa frase é um tanto quanto intrigante, para se refletir o seu sentido histórico, mas ela também traz consigo todo um significado relevante de se analisar. Sendo nós neste momento uma contemporaneidade de milênios, onde o passado foi há um instante atrás, o presente é neste instante, é o futuro já se encontra neste instante, ou seja, o tempo presente está numa eterna confluência com o passado e o futuro. Então pensando nos períodos históricos, como por exemplo, Pré-História, História Antiga, História Medieval, História Moderna e Contemporânea, numa análise de como esses períodos se confluem na nossa contemporaneidade.


Pré-História, na contemporaneidade será que existe? Pessoas que não sabem ler e escrever são consideradas pré-históricas. Atos como a caça a animais, para se alimentar, ou como méritos de coragem feitos pelo homem contemporâneo, podemos considerar como atos “Pré-históricos”, apesar das armas serem mais modernas, mas os fins são os mesmos dos caçadores pré-históricos, a própria agricultura feita atualmente, junto com a coleta desses alimentos, se constituem da mesma forma pré-histórica em várias partes do mundo, salientando a domesticação de animais para o auxílio desses serviços, principalmente no campo. Outro fato interessante é que ainda existe na contemporaneidade a adoração ao sol e a lua, rituais para chuva, uma adoração voltada à natureza, como os homens pré-históricos faziam, Propriedade privada, criação do Estado, criação de objetos através da cerâmica, os altos funerários, enterrando seus entes queridos, esses são somente alguns exemplos, dessa confluência de períodos históricos em nossa contemporaneidade.


Pensando agora o período histórico da antiguidade, será que existe em nossa contemporaneidade? Na religião temos a adoração por deuses pagãos da antiguidade, por determinadas comunidades de pessoas, algumas adeptas outras que trazem consigo essa tradição de costumes e valores, através das gerações, tendo esses altos de crenças imbricados em sua cultura. Os cálculos matemáticos, necessários em nossa sociedade, alguns desses criados em períodos tão antigos, mas que são utilizados até hoje. O dinheiro necessário no comércio, para venda e compra de produtos, o casamento, a ideia de democracia, as artes plásticas que determinavam o conceito de belo, a arquitetura, O Estado no centro da sociedade, porque não também dizer a Igreja, que ainda tem uma influência muito forte na sociedade, o islã para boa parte dos orientais e o cristianismo para os ocidentais, essas são apenas algumas das religiões que destes os tempos da antiguidade, tem forte influência na sociedade contemporânea. Temos também alguns procedimentos médicos da antiguidade, que ainda hoje, são adotados por algumas pessoas, no esporte existem modalidades olímpicas da antiguidade, que na nossa contemporaneidade ainda são praticadas, por exemplo, a luta greco-romana. O pensamento em relação à poligamia é fortemente atual no oriente, a sociedade não enxerga problema nisso, deste que o marido tenha condições de sustentar suas mulheres, os ocidentais aderiram à monogamia, que ainda hoje, é o correto de se seguir em uma relação amorosa perante a sociedade ocidental seguindo o sistema, os monumentos históricos, engenharias, o estudo sobre filósofos ou pensadores da antiguidade, em relação a conceitos explicitamente presentes em nossa sociedade, como liberdade, justiça, enfim esses são somente alguns exemplos de nossa confluência de períodos históricos.


O período Medieval ou Idade Média, marcado fortemente pelos dogmas da Igreja Católica Apostólica Romana, alguns desses dogmas foram deixados para trás, mas outros ainda estão explícitos como a ideia do diabo ou demônio, a crença em um único Deus, a concepção de paraíso, que só chegarão neste, os puros de pecados, falando em pecado, ainda hoje na contemporaneidade, acredita que seus pecados podem levar você ao inferno, que somente confessando e se arrependendo deles de coração e alma, você será perdoado. O inferno outra criação da idade média, este temível até hoje, por boa parte dos cristãos, porque não falar na crença dos anjos também, que além de existirem nesse imaginário, ainda são nomeados, e tem ainda as divisões por castas, interessante isso. Os santos venerados pelos fiéis, criados na idade média, e atualmente adorados por milhares de fiéis, com festas, procissões, missas de agradecimentos, uma devoção praticamente cega. Vamos pensar agora nas vestimentas, os orientais quase todos seguem com os mesmos estilos de vestes, principalmente nos países árabes, onde as mulheres são as principais adeptas desse estilo de vestimentas, onde só os olhos ficam expostos, os hindus e monges, também seguem arrisca o mesmo estilo de vestimenta, até a aparência física é a mesma, no sentido de não se importarem com a estética exterior do corpo, o que importa é o interior do ser humano. No ocidente muitas tribos indígenas seguem tanto na vestimenta e na pintura do corpo, e nos altos religiosos suas práticas medievais, em nossa contemporaneidade, a ideia de consumação da relação sexual, somente após o casamento, ainda é muito forte, estudos contemporâneos com referências em pensadores como São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, ainda são muito presentes, escritas e formas de linguagens dessa época são muito utilizadas, monumentos históricos, engenharias, por fim a própria Bíblia Sagrada e o Alcorão, esses são muitos requisitados, enfim esses são somente alguns exemplos, de nossa confluência de períodos históricos. 


Analisando agora a Idade Moderna ou História Moderna, podemos perceber sua confluência com contemporaneidade na arquitetura de casas, prédios, monumentos históricos, nas artes, pintura como o quadro da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, a engenharia utilizada nesses processos de construções, são utilizadas como bases do homem contemporâneo. Nesse período histórico temos o racha na Igreja Católica, onde os protestantes surgem com Calvino e Lutero, e ainda hoje, suas doutrinas são seguidas, começam as guerras pela fé, onde a sociedade começa mostrar sua individualidade, sua natureza, que atualmente é mais do que evidente é latente, onde o mercado de trabalho, por exemplo, excita a sociedade ser assim, numa competividade frenética, onde você deve ser o melhor em tudo, só assim conseguirá alcançar seus objetivos, não importa se você tem que passar por cima de semelhantes seus, o que importa é se no final estará bem. O renascimento deixou marcas em nossa contemporaneidade, por exemplo, as ideias de Galileu, hoje ninguém contesta suas teorias. A Igreja perde adeptos com o advento do Iluminismo, ou seja, a razão acima de tudo, o homem passa a ter a ideologia de que tudo pode ser explicado através da razão, partindo da cientificidade das coisas, onde um dia todas as perguntas serão respondidas, muitos pensadores são utilizados como referências em trabalhos pessoais, acadêmicos, científicos, por exemplo, Descartes, Hume, Kant, Hegel, Marx, Voltaire, Maquiavel, Rousseau, Montesquieu, Heidegger, Nietzsche, Newton, enfim o leque é imenso de referências que poderiam ser citadas, nessa confluência de pensamentos modernos e contemporâneos. A industrialização dos produtos materiais constituídos pela sociedade, a política absolutista, encontrada em alguns governos, como o nosso. Enfim esses são somente alguns exemplos, da confluência de períodos históricos.


Por fim irei descrever um pouco esses períodos históricos, como Antigos e Modernos.  O Moderno de hoje, pode ser o Antigo de amanhã, onde o tempo sempre se renova. Essa concepção de ruptura com o tradicional, mudança, sugerindo e provocando essa percepção que o Moderno só se destaca a partir do Antigo, onde no Moderno se encontra o aprendizado, onde este dito Moderno sempre existirá correlacionado com o Antigo, o Tempo moderno não propõe uma exclusão do Antigo, obviamente porque o Antigo e suas tradições sempre estarão ao olhar do retrovisor, não há o que se fazer em relação a isso, somente a mudança do novo. Então não necessariamente o Tempo Moderno de hoje, será o de amanhã, mas o Moderno sempre estará se reinventando através do Tempo. Entretanto o Moderno, não significa nada se não estiver relacionado ao Antigo, isso porque, se não há o Antigo, consequentemente não haverá o Moderno, o “novo ou recente”, para ser enaltecido sobre o Antigo, não haveria significado, se não houvesse essa relação Antigo e Moderno. Onde o conceito de Moderno se auto-afirma. 


Agora analisando o período vivenciado por nós atualmente, a contemporaneidade. Onde a contemporaneidade é o se jogar de um abismo sem saber voar, mesmo tendo asas, e sendo necessário aprender naquele momento voar. É ser atrevido, inovador, rebelde por que não? É sentir a essência do tempo em que estar se vivenciando, e não se temer ou ter conformismo às normas estabelecidas pelo Antigo. A contemporaneidade clama pelas aventuras que podem ser constituídas, ultrapassando seus limites, se interrogando, refletindo, analisando, criticando, reinventando o “ontem”, para se constituir o “atual”, que “amanhã”, talvez seja o “atual”, de “ontem”, onde a Contemporaneidade busca e provoca essa mudança constante.


Não posso deixar, de citar na contemporaneidade essa questão da moda e tecnologia, tão essenciais para o homem contemporâneo, na nossa sociedade bebemos das influências norte-americanas, onde a moda deles acaba sendo a nossa, mas tendo em vista que a moda e a tecnologia de hoje, talvez não seja a de amanhã. Existe análise de pensadores contemporâneos como referências de estudos, Bauman, Einstein, Freud, entre outros. 


Agora deixei o melhor para o final, onde a frase de Saint-Beuve torna-se essencial para a história da humanidade destes seus primórdios, onde a frase “Somos uma contemporaneidade de milênios”, tem o sentido de maior relevância, pelos menos para o estudante que vós escreveis, que seria a pergunta que todos os homens buscam uma resposta concreta, ‘Nossa Origem’, ora o ser humano deste que se entendeu como tal se faz esse questionamento, de onde viemos, e para onde vamos, essa pergunta atravessa os milênios, é o interessante que isso acontece em todas as sociedades, não é somente os ocidentais que fazem esses questionamentos, os orientais também buscam essa resposta, a humanidade tenta decifrar este enigma há milênios, mas até hoje, somente existe várias suposições que vão de Darwin, aos extraterrestres, e para os fiéis religiosos, Deus, esse são alguns exemplos, mas uma resposta concreta com 100% de certeza, ainda não temos, e a busca continua, ninguém sabe por certo até quando irá, o que sabemos é que enquanto não chega, esse questionamento atravessará os milênios. Outro questionamento que atravessa os milênios é o da morte, todas as sociedades fazem de tudo para detê-la, a ciência busca vários métodos de retardar esse processo inevitável, que atravessa os milênios da história do homem no tempo e espaço, mas que no final a morte sempre acaba vencendo, levando consigo as esperanças de várias sociedades. Hoje a ciência pode prolongar a vida, mas não evitar a morte, essa busca incessante atravessa e atravessará os milênios com certeza, descrevo isso também com esse desejo, essa vontade, de viver, não tenho medo da morte, tenho é vontade imensa de saber até aonde o homem vai chegar na História, até onde essa evolução irá chegar, será que teremos respostas para tudo? Como os pensadores iluministas vislumbraram. Essa curiosidade me levaria com certeza a querer viver para testemunhar todos os acontecimentos que virão a acontecer, depois ter todas as respostas, ai sim, poderia abraçar a morte alegremente, sem questionamentos algum; mas querer não é poder. Enfim esses são somente alguns exemplos, da confluência de períodos históricos. Tendo por fim através da reflexão desta frase, que se tem como título do texto, que com certeza nós “Somos uma contemporaneidade de Milênios”.

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