segunda-feira, 12 de março de 2018

Louco

Penso no que não digo
Digo, não penso, mas consigo
E do teu bater de asas faço brisa suave

Pedaços de espelho
Neste sopro, me dão falsos conceitos
Grande e pequena, nova e velho
Fatos mornos; ouço o rifar de um espectro

É uma imagem de açúcar banhada de chuva
Falha minha, do pensar sem pensar
Sumida, acanhada, de olhos a não mais amar

Não pensei e quebrei
Teu quadro retesei e rasguei
O sopro suave te levou do meu amar
Na caixa vazia, louco a querer a volta do meu pensar.

Exílio


Desterrado das serras agrestes
Desatino a carrear pelos prédios inférteis
Desalmado ser, numa ausência de querer

Meu passarinho bateu as asas
E, baixinho, cantou juras falsas
Adeus; e matou meu sonhar
Engolido pela terra, num engasgar

Neste vale estranho e sem vida
Teu canto te fez ninho e amada
Das pedras fostes, sozinha, a flor colhida

Pedras que não te atiro no ar
Vai, te põe a sonhar
Egresso ao beijo das folhas mortas
Eu, estrangeiro de caminhadas tortas.